“Hoje posso me olhar no espelho e me sentir linda outra vez”, afirma alagoana que venceu o câncer e fez cirurgia de reconstrução mamária pelo SUS

Por Redação Secretaria de Estado da Saúde

15/03/2022 -

12:11h

Lícia Roberta Mendonça descobriu o câncer de mama aos 37 anos e, após realizar o tratamento e se curar, realizou a cirurgia de reconstrução mamária

Descobrir um câncer de mama e ter que passar pelo processo de mastectomia, que consiste na retirada de parte de uma ou até mesmo total das duas mamas, não é um processo fácil para uma mulher que tem sua autoestima modificada pela doença. Lícia Roberta Mendonça descobriu o câncer aos 37 anos de idade, mas, só aos 42 anos, ela conseguiu fazer a cirurgia de reconstrução mamária, por meio do Programa Ame-se, que já mudou a vida de 19 mulheres alagoanas, as devolvendo a alegria de viver.

Lícia fez uma reconstrução mamária bi lateral, em 16 de agosto de 2021, no Hospital Regional da Mata, (HRM), em União dos Palmares. Ela relembra a perda da autoestima, desde o processo da descoberta do câncer à mastectomia. “Eu tive câncer aos 37 anos e retirei um quadrante da mama esquerda. Eu fiz a reconstrução mamária bi lateral e esperei quatro anos por este momento, que para mim foi muito especial, me devolveu a autoestima e me fez muito feliz outra vez. A recuperação foi boa, com alguns altos e baixos , mas, graças a Deus no final deu tudo certo. Recomendo a realização da cirurgia. Hoje eu posso dizer que tenho minha vida completa de volta, posso me olhar no espelho e me sentir linda outra vez. O câncer ficou para trás. Hoje eu sou vencedora e uma outra mulher em Cristo Jesus”, relatou Lícia.

O programa Ame-se, implementado no dia 23 de outubro de 2020, pela Secretaria de Estado da Saúde (Sesau), atende mulheres que já tenham concluído o tratamento do câncer e estão na fila de espera para terem o seio reconstruído. O programa tem a intenção de zerar a fila de espera pela cirurgia em todo o estado.

Há diversas técnicas diferentes para a cirurgia de reconstrução mamária e em alguns casos é necessário mais de um procedimento cirúrgico. A escolha vai depender da forma, tamanho e localização da remoção do tecido. Os principais métodos são os que incluem o implante de silicone, uso de expansor cutâneo e transferência de retalhos de pele.

“Foi um choque descobrir que tinha câncer, tinha acabado de fazer 37 anos, havia perdido minha mãe há pouco tempo e, com isso, achei que iria morrer também. Fiz todo o tratamento e acabei engordando 42 quilos, chegando a pesar 115 quilos. Minha autoestima foi embora, não conseguia mais me olhar no espelho e ficar à vontade em intimidade com meu marido”, relatou Lícia.

Programa Ame-se tem assegurado que mulheres mastectomizadas façam a cirurgia de reconstrução mamária

Para a mastologista e coordenadora do Programa Ame-se, Francisca Beltrão, a importância da reconstrução para mulheres vai além da estética. “O Ame-se é um programa de reconstrução mamária pós mastectomia para aquelas pacientes que retiraram a mama devido ao câncer de mama anos atrás e que na ocasião não tiveram o acesso a reconstrução de imediato. Então, é um programa de reconstrução tardia para pacientes mastectomizadas por câncer de mama. A reconstrução traz muitos benefícios para mulher, não só na questão física, pois quando retiramos uma parte do tórax fica desequilibrado, pois, um lado fica com o peso da mama e o outro lado sem nada, e isso gera um desequilíbrio na distribuição de peso do corpo e da coluna”, explicou a médica.

Ainda de acordo com a médica, infelizmente, devido ao medo, muitas mulheres que foram mastectomizadas não procuram a cirurgia para reconstruir a mama. Isso porque elas já passaram por um processo lento e doloroso quando foram diagnosticadas com o câncer de mama e não querem mais passar por outras cirurgias. No entanto, o programa Ame-se dá todo o suporte para essas mulheres entenderem a importância da reconstrução na vida de cada uma.

O secretário de Estado da Saúde, Alexandre Ayres, destaca que o programa é uma das políticas públicas que irão ficar para a história. “Queria parabenizar, em nome da doutora Francisca, toda a equipe do Programa Ame-se. Esta é a grande virada da nossa gestão e da saúde pública. Possibilitando que os alagoanos sejam cuidados. Se a gente tivesse operado uma única alagoana esse ano, eu já estaria satisfeito, porque o programa já estaria mudando a vida de alguém. As alagoanas operadas são verdadeiras guerreiras e merecem o melhor”, disse Ayres.

Ame-se – O programa tem como objetivo zerar a fila de espera para cirurgias de reconstrução mamária. Entretanto, o Ame-se vai além dos procedimentos cirúrgicos, uma vez que busca retomar a autoestima de dezenas de mulheres, além de rastrear a doença, evitando que chegue ao estágio mais grave.

Para as mulheres serem incluídas no Ame-se, é necessário ter mais de 18 anos, estar em boas condições clínicas, sem comorbidades ou com elas controladas. É importante, também, que o Índice de Massa Corpórea (IMC) esteja abaixo de 27, que tenha autorização do oncologista e já tenha passado pelo tratamento quimioterápico ou radioterápico, há pelo menos seis meses.