O Acidente Vascular Cerebral (AVC), mais conhecido como derrame cerebral, é a doença que mais mata no Brasil e a que mais causa incapacidade no mundo. Pensando nisso, Alagoas foi o pioneiro no país a criar uma rede de cuidados específica para o problema, por meio do programa AVC Dá Sinais, que conta com um aplicativo de telemedicina e possibilita uma maior agilidade no diagnóstico e na tomada de decisões pelos médicos. Desde a sua criação, em agosto de 2021, o programa já atendeu 964 pacientes com suspeita da doença.
Moradora do Benedito Bentes, em Maceió, a dona de casa Maria da Conceição Silva, de 56 anos, foi uma das pacientes atendidas pelo programa. Ela relata que, em dezembro de 2021, ao sentir uma dormência, o primeiro sinal do AVC, comunicou aos seus familiares, que logo a levaram para um pronto socorro. Ao chegar lá, dona Maria foi encaminhada para o Hospital Metropolitano de Alagoas (HMA), onde segue sendo acompanhada pela neurologista da unidade, com consultas todos os meses.
“Minha vista escureceu, fiquei passando mal. Eu sentia o corpo todo dormente, os lábios, a testa. Comecei a falar para minha filha que não estava me sentindo bem. Eu já não estava falando direito e senti a minha língua enrolando. Meus familiares me levaram para o pronto socorro e me encaminharam rapidamente para o Hospital Metropolitano, onde fiquei quatro dias internada. Lá, o médico passou os exames e, graças a Deus, não fiquei com nenhuma sequela. Se eu não tivesse sido atendida rápido teria morrido”, relatou Maria da Conceição.
Por meio do programa, criado pela Secretaria de Estado da Saúde (Sesau), hospitais de referência foram equipados com tomógrafos e os profissionais foram capacitados para identificar os primeiros sinais e tratar os pacientes com a maior rapidez possível, realizando trombólise [injeção de uma medicação para a dissolução do coágulo] e trombectomia mecânica [retirada do coágulo que está obstruindo o vaso, através de uma punção feita na veia femoral ou radial, com o uso de um cateter], que são as duas terapias reperfusionais para evitar a morte e as graves sequelas. Isso porque o tempo é fundamental para tratar a doença.
Aplicativo – O aplicativo de telemedicina Join possibilitou que Dona Maria da Conceição e tantos outros pacientes fossem salvos e não ficassem com sequelas pela doença, pois a janela de tempo para a trombólise é de quatro horas e meia, contados do início dos sintomas. Depois desse tempo, até a oitava hora do início dos primeiros sinais da doença, faz-se a trombectomia mecânica.
“Tive minha vida salva. O atendimento que recebi no Hospital Metropolitano foi maravilhoso. A médica que me atende, a doutora Rebeca, é uma benção, muito educada, alegre, simpática. Só tenho a agradecer muito a todos por estar viva”, disse Maria da Conceição.
Por meio do aplicativo de telemedicina Join, os casos são discutidos com especialistas que têm acesso aos exames de tomografia, para a rápida tomada de decisão no manejo do AVC, salvando vidas. A plataforma integra as Unidades de Pronto Atendimento (UPAs), hospitais e ambulâncias do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), para que a triagem e definição de condutas sejam mais rápidas e efetivas, agilizando o tratamento do paciente e minimizando os riscos de sequelas e óbitos.
Dos 964 casos discutidos por meio do Join, foram confirmados 570 de Acidente Vascular Cerebral (AVC); sendo 317 de Acidente Vascular Cerebral Isquêmico (AVCI), 94 de Acidente Vascular Cerebral Hemorrágico (AVCH), 51 de Ataque Isquêmico Transitório (AIT) e 108 fora de janela. Também foram registradas 98 trombólises e 30 trombectomias.
Para o secretário de Estado da Saúde, André Cabral, o programa é a prova da evolução de Alagoas na saúde pública. “Nós somos pioneiros em um programa de telemedicina que está salvando dezenas de vidas no nosso Estado. O aplicativo Join é importantíssimo para a agilidade no diagnóstico precoce do AVC, para que se evitem mortes e sequelas pela doença, que é a que mais causa incapacidade no mundo”, salientou o gestor.
Ambulatório Pós-AVC – Com o intuito de proporcionar a reabilitação dos pacientes, uma vez que o AVC pode deixar graves sequelas neurológicas, como dificuldade em falar, dificuldade em deglutir e desequilíbrio, foi criado o Ambulatório Pós-AVC, no Hospital Metropolitano de Alagoas (HMA), em Maceió. O intuito do ambulatório é dar continuidade ao tratamento para impedir a recorrência de um novo evento.
Foram admitidos na Unidade de AVC, desde agosto de 2021, 299 pacientes. Destes, 213 foram encaminhados para o ambulatório. Neste período, foram realizadas 45 trombólises e 10 trombectomias.