Internado no Hospital Geral do Estado (HGE) após um agravamento de problemas renais, o pedreiro Pedro Avelino, de 58 anos, também sofre com cegueira crônica. Tudo em decorrência da hipertensão, com a qual já vive há mais de 20 anos. Nesta quarta-feira (17), Dia Mundial da Hipertensão, a cardiologista Ana Cely Setton alerta para a gravidade da doença que ataca vários órgãos.
A hipertensão arterial ou pressão alta, como também é conhecida, é uma doença que ataca os vasos sanguíneos, coração, pulmão, cérebro, olhos e pode causar paralisação dos rins, segundo afirmou a especialista. “Quando se fala na doença, as pessoas logo associam que é muito perigosa para o coração, o que é verdade. O coração é um dos órgãos mais atingidos pela hipertensão. Entretanto, se o doente não for acompanhado, outros órgãos podem ser afetados, e, em alguns casos, até de forma irreversível. Como nos casos de Acidente Vascular Encefálico (AVE), insuficiência renal e miocardiopatias”, salientou a cardiologista do HGE.
De acordo com Ana Cely, a pressão arterial elevada é um dos principais fatores de risco para problemas cardiovasculares como infarto e aneurisma. “O aumento da pressão deixa veias e artérias mais rígidas, comprometendo a distribuição de sangue, que transporta oxigênio e nutrientes no organismo. O cérebro, por exemplo, necessita de um fluxo sanguíneo contínuo para exercer suas funções e é afetado pela falta de oxigenação”, explicou
O órgão, conforme falou a especialista, pode perder progressivamente suas capacidades e funções, chegando até a um estado de demência. “O paciente passa a apresentar problemas de cognição, memória e concentração. Quando há um problema na circulação do sangue, as consequências podem ser severas, com uma menor fluidez na circulação cerebral e, principalmente, com as oscilações bruscas da pressão arterial, podemos ter os temidos acidentes vasculares cerebrais”, alertou a médica Ana Cely.
A cardiologista do HGE especificou ainda que a hipertensão é uma das principais causas da insuficiência renal porque, com a redução da quantidade de sangue que chega aos rins, fica comprometida a capacidade do órgão de exercer suas funções, como filtrar substâncias e eliminar impurezas do organismo. “Os vasos sanguíneos que chegam aos rins se tornam mais rígidos e grossos. Como consequência, a quantidade de sangue que chega por lá é menor e eles se tornam incapazes de eliminar impurezas e substâncias que, em excesso, fazem mal ao corpo, como o sal”, alertou.
As alterações decorrentes da hipertensão nos olhos, ocorrem na retina e, por isso, são chamadas de retinopatia hipertensiva. “São originadas por um estreitamento dos vasos sanguíneos ou pelo enrijecimento das paredes arteriais, levando a um quadro de hemorragia nos olhos e descolamento da retina, e podem causar cegueira”.
Maus Hábitos
A hipertensão arterial é uma doença silenciosa, que não apresenta sintomas. Pode ser herdada de pais e avós, pré-disposição genética, entretanto, em geral, a doença ocorre por hábitos ruins como tabagismo, excesso de peso, sedentarismo, má alimentação e consumo excessivo de álcool.
Para se proteger do problema, a cardiologista recomenda fazer exercícios regularmente, sendo ao menos 30 minutos, cinco vezes por semana, além de manter uma alimentação equilibrada e evitar beber e fumar. Também é importante aferir a pressão periodicamente, para diagnosticar a hipertensão arterial o quanto antes e evitar que ela prejudique outros órgãos.
“Cefaléia, dor em região da nuca, náuseas, vômitos, tonturas, palpitação, são alguns dos sintomas que podem aparecer em uma crise hipertensiva. É importante o conhecimento de que a prevenção é sempre uma escolha sensata, com resultados satisfatórios para uma vida saudável. E o acompanhamento da hipertensão já instalada com as mudanças positivas nos hábitos de vida são fundamentais para a manutenção da saúde e da qualidade de vida”, orientou a cardiologista.
A hipertensão arterial ocorre quando a medida da pressão se mantém frequentemente acima de 140 por 90 mmHg. Não tem cura, mas tem tratamento e pode ser controlada. Somente o médico poderá determinar o melhor método para cada paciente, mas além dos medicamentos disponíveis atualmente, é imprescindível adotar um estilo de vida saudável.
“Bons hábitos alimentares, boa hidratação, e atividade física, de acordo com a capacidade de cada um, em conjunto com avaliação de um cardiologista, é importante para prevenção de patologias cardíacas como a hipertensão arterial”, destacou a cardiologista Ana Cely Setton.