Samu completa 20 anos e contabiliza 522.393 vidas alagoana

Por Ascom Sesau

28/12/2023 -

13:19h

Ascom Sesau

O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) de Alagoas completou 20 anos de existência no dia 16 deste mês e, neste período, salvou, efetivamente, 522.526 pessoas. Funcionando desde 2003, em Alagoas, o órgão possui 35 bases descentralizadas, estrategicamente localizadas a cada 30 quilômetros, o que possibilita a cobertura de todo o território alagoano com assistência pré-hospitalar móvel.

Conta, ainda, com duas centrais, sendo uma em Maceió, responsável pelo atendimento a 16 municípios, incluindo os da região metropolitana da capital alagoana, e da região leste do Estado, com o litoral norte. A outra central, situada em Arapiraca, possui 19 bases descentralizadas, atendendo o oeste do Estado, que abrange as regiões Agreste e Sertão.

Em todo o território alagoano, o Samu conta com 59 ambulâncias, além de outras viaturas para agilizar o atendimento à população. Uma delas é o Serviço Aeromédico, criado em 2010, e que conta com um helicóptero, onde equipes de salvamento fazem atendimentos exclusivos para transporte de pacientes graves, entre hospitais do Estado e também fora dele.

Além do Serviço de Motolância, o Samu de Alagoas conta com o Serviço Aeromédico, que atende ocorrências de todo o Estado
Incremento

Na quarta-feira (20), durante a inauguração do Aeroporto de Marechal Deodoro, o governador Paulo Dantas entregou mais duas aeronaves doadas pelos governos de Santa Catarina e Goiás, para integrar a frota do Samu Alagoas. O órgão conta também com o Serviço de Motolância, tanto na Central de Maceió como na Central de Arapiraca.

São seis motocicletas especialmente equipadas e conduzidas por enfermeiros e técnicos de enfermagem, formando duas duplas na capital e uma em Arapiraca. O serviço é fundamental, porque pode chegar primeiro ao local das ocorrências e agilizar os primeiros socorros, estabilizando clinicamente as vítimas, enquanto uma equipe de ambulância chega e faz o devido transporte ao hospital mais adequado, conforme os ferimentos e estado clínico apresentado.

O secretário de Estado da Saúde, médico Gustavo Pontes de Miranda, destacou a importância do Samu para a Rede de Saúde Estadual. Segundo ele, os alagoanos ou visitantes que necessitam de assistência pré-hospitalar móvel, têm à disposição um serviço ágil e eficiente, que faz a diferença na vida das pessoas.

“Minha trajetória na Sesau foi iniciada atuando no Samu, que possui uma dinâmica especial. É um serviço de saúde que difere dos demais porque vai em busca do usuário, chegando ao local onde o problema de saúde ocorreu. Além disso, é um serviço que exige do profissional: atenção, equilíbrio e agilidade, muitas vezes em condições adversas, porque os usuários que precisam dos socorristas do Samu, geralmente estão em locais de difícil acesso, onde a capacidade técnica sempre é colocada em teste”, salientou Gustavo Pontes de Miranda.

Omédico Ernann Tenório de Albuquerque Filho foi o primeiro coordenador geral do Samu de Alagoas e ressalta importância do serviço para salvar vidas
História

Nesses 20 anos, o Samu contabiliza muitas histórias vividas por dezenas de servidores abnegados, a exemplo do médico e primeiro coordenador geral, Ernann Tenório de Albuquerque Filho. Cirurgião vascular e intensivista, ele dirigiu o órgão no período de 2001 até 2005.

Ernann Tenório lembra que começou a trabalhar no Samu quando ainda era denominado de Central de Regulação de Leitos (CRL). O serviço foi iniciado, oficialmente, em 16 de dezembro de 2003. “Entre 2004 e 2005 tínhamos autonomia administrativa e financeira e, nesse período, recebemos homenagens como sendo o quarto melhor Samu do País”, recordou.

Na época, relata o primeiro coordenador do Samu de Alagoas, também havia um micro-ônibus para atendimento de múltiplas vítimas. “A capacidade de atendimento da equipe, com médicos, enfermeiros e técnicos de enfermagem, além do condutor socorrista, era de vinte vítimas. Eu ficava com o rádio-escuta 24 horas por dia, pois era dedicação exclusiva”, relata Ernann, ao relembrar o serviço que ajudou a desenvolver.

A médica Carla Régia Fernandes começou a trabalhar no Samu em maio de 2001, quando o órgão ainda era Central de Regulação de Leitos
Depoimentos

Entre os servidores que atuam no Samu de Alagoas e ressaltam o prazer de atuar no órgão está a médica Carla Régia Fernandes, que também é psicóloga. Ela começou a trabalhar no Samu em maio de 2001, quando o órgão ainda era CRL. Atualmente ela está na Regulação Médica.

A profissional tem muitas histórias para contar. Uma delas, recorda Carla Régia, ocorreu quando ela estava viajando em um ônibus e ocorreu um assalto. Coincidentemente o assaltante a reconheceu de um atendimento prestado a ele, devido a uma lesão por arma de fogo. “Ele me reconheceu do atendimento que prestei e, por isso, levou tudo que os passageiros tinham de valor, mas não tocou em nada meu. Depois da ocorrência todos os passageiros foram fazer um Boletim de Ocorrência, exceto eu, porque nenhum objeto pessoal meu havia sido subtraído”, recordou.

Já a enfermeira Tatiana Almeida do Nascimento, que está no Samu de Alagoas desde a fundação, salientou que o órgão foi seu primeiro trabalho, logo após a conclusão do curso de Enfermagem. “Meu amor por esse serviço e pelo que faço aqui só aumenta a cada dia. Nosso objetivo maior é sempre atender às pessoas com respeito e profissionalismo. Ser samuzeiro é resguardar o bem mais valioso que Deus nos deu: a vida”, destacou

A técnica de enfermagem Zirlene Duarte relembrou que o atendimento que mais marcou sua trajetória profissional no Samu foi uma chacina que ocorreu em 2008, no bairro Clima Bom, em Maceió. Ela conta que as cenas estão na memória até hoje. Todos os cinco familiares foram assassinados, inclusive um bebê. Zirlene continua fazendo atendimentos em ambulâncias, com o propósito de salvar vidas. “Apesar dessa chacina, eu e meus colegas já salvamos muita gente. Isso é que é mais importante na profissão”, pontuou.

A técnica de enfermagem Zirlene Duarte relembrou que o atendimento que mais marcou sua trajetória profissional no Samu foi uma chacina que ocorreu em 2008, onde os cinco membros de uma família foram mortos
Regulação

Um dos profissionais fundamentais no atendimento das urgências e emergências, que fica nos bastidores, é o técnico auxiliar de regulação médica, que recebe as ligações pelo número 192 e repassa para o médico e para o seu supervisor, que é o responsável pelos sistemas de telefonia e de internet.

Um dos supervisores é José Mário Vieira Soares, que está no Samu de Alagoas desde o início. “Somos remanescentes do início desse serviço, que é tão importante para a preservação da vida. É um orgulho fazer parte da família Samu de Alagoas. Tantas vidas foram salvas nesses 20 anos e é gratificante fazer parte dessa história”, enfatizou.

“Fazer parte da história dos 20 anos do Samu é uma experiência que vai marcar e já marcou a minha vida. Já passei um período na Coordenação de Enfermagem e agora à frente da coordenação geral. Todos os dias aprendemos. O mais importante no serviço é que todos possam fazer o seu melhor para que a população possa ter a certeza de que está recebendo um atendimento de qualidade e isso, com certeza, está acontecendo, destacou a coordenadora Geral do Samu Maceió, Beatriz Santana.

“Fazer parte da história dos 20 anos do Samu é uma experiência que vai marcar e já marcou a minha vida, diz Beatriz Santana”, coordenadora do Samu Maceió
O serviço

O Samu é uma instituição vinculada ao Sistema Único de Saúde (SUS) e funciona em todo o País. As equipes são compostas por médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem e condutores socorristas. Além de atender pessoas com dores no peito, com crise convulsiva e em situações de intoxicação ou envenenamento, o serviço também presta serviço a pessoas que sofreram queimaduras, mulheres em trabalho de parto, com situação de risco, além de usuários que tiveram perda de consciência, falta de ar, queda acidental em casa ou na rua, sangramento com hemorragia, crise hipertensiva e acidentes de trânsito.