Segurança Pública detalha investigações sobre a morte da adolescente Ana Beatriz

Comissão de delegadas segue apurando o caso para concluir o inquérito

Por Rafael Maynart / Ascom SSP-AL

05/05/2025 -

17:26h

Pei Fon

A Secretaria de Estado da Segurança Pública de Alagoas (SSP-AL) reuniu, na manhã desta segunda-feira (05), autoridades das forças de segurança estaduais para apresentar à imprensa os avanços na investigação do caso da adolescente Ana Beatriz Moura, de 15 anos, encontrada morta no último sábado (3), em uma chácara no bairro de Guaxuma, em Maceió.

Durante a coletiva, o secretário de Segurança Pública, Flávio Saraiva, destacou a atuação integrada dos órgãos envolvidos nas buscas e na apuração do crime.

“Quero parabenizar o trabalho conjunto das nossas forças de segurança, que atuaram com empenho e profissionalismo desde o início. A resposta rápida e coordenada entre Polícia Civil, Polícia Científica, Polícia Militar, Corpo de Bombeiros e Polícia Penal foi fundamental para localizarmos o corpo e avançarmos na investigação. Essa união reflete o compromisso do sistema de segurança pública de Alagoas com a verdade, a justiça e, sobretudo, com o respeito às vítimas e seus familiares”, afirmou.

A localização do corpo só foi possível graças a informações da Polícia Penal, repassadas à Polícia Civil, com apoio do Corpo de Bombeiros e do 13º Batalhão da Polícia Militar.

O cadáver foi encontrado em uma fossa no quintal da chácara, coberta por uma espessa camada de terra, seguida de uma tampa de concreto e mais terra por cima, dificultando o trabalho dos cães farejadores utilizados nas buscas.

Além do secretário Flávio Saraiva, participaram da coletiva os secretários executivos Patrick Madeiro e Jairison Melo; o comandante-geral da Polícia Militar, coronel Paulo Amorim; o comandante do CPRM, tenente-coronel Hiraque Agnnes; o comandante do 13º BPM, major Alisson Gama; o comandante-geral do Corpo de Bombeiros, coronel Sérgio Verçosa; a perita-geral Rosana Coutinho, da Polícia Científica; o delegado-geral adjunto da Polícia Civil, Eduardo Mero; e as delegadas Talita Aquino, Tacyane Ribeiro, Bárbara Arraes e Maíra Balby.

Investigação em andamento

A delegada Talita Aquino, que preside a comissão responsável pelo caso, informou que a hipótese de que a vítima teria sido mantida em cativeiro está descartada. “Não acreditamos nessa possibilidade. O suspeito teria passado a noite em casa, e o crime exigiria um planejamento mais elaborado”, declarou.

Ela também afirmou que, até o momento, não há indícios de envolvimento da esposa do suspeito. “Se ela soubesse do relacionamento, é possível que houvesse algum tipo de conflito, mas nada indica sua participação”, explicou.

Quanto à ocultação do corpo, a polícia não descarta a participação de um cúmplice, devido à complexidade da ocultação. “O local era de difícil acesso e foi tampado com cimento. A localização foi possível graças ao trabalho da Polícia Penal. Ainda colhemos depoimentos e tentamos contato com a proprietária da chácara”, acrescentou.

A delegada acredita que o crime foi premeditado. “Há elementos suficientes para afirmar que ele planejou a morte de Ana Beatriz. Não foi algo por impulso. Já representamos pela prisão preventiva do suspeito”, concluiu.

Possível motivação e suspeita de gravidez

A principal linha de investigação aponta que o crime pode ter sido motivado por um anúncio de gravidez feito pela adolescente ao suspeito — um homem de 43 anos, casado e pai de três filhos, que está preso desde 12 de abril. No entanto, a Polícia Científica já descartou a gestação, após análise do Instituto Médico Legal (IML).

“Acreditamos que a vítima pode ter simulado uma gravidez e, ao revelar isso ao suspeito, ele tenha se desesperado e cometido o crime”, afirmou Talita Aquino.

A perita-geral Rosana Coutinho confirmou que não havia sinais de gestação. “Durante a necropsia, a delegada solicitou a verificação. O médico-legista confirmou a ausência de gravidez”, informou.

Algumas estudantes relataram que Ana Beatriz comentava sobre a suposta gestação, inclusive mencionando o sexo do bebê. No entanto, a família desconhecia essas declarações e não há registros médicos que comprovem consultas ou exames sobre o assunto.

Identificação e causa da morte

A Polícia Científica ainda aguarda os resultados dos exames que confirmarão oficialmente a identidade do corpo. Segundo a perita-geral, a identificação será feita preferencialmente por arcada dentária. Caso não seja possível, será utilizado exame de DNA.

“O corpo estava relativamente conservado devido ao ambiente — uma fossa fria e úmida —, o que favoreceu o processo de saponificação, tornando-o semelhante a sabão. Ainda assim, estava decomposto, impossibilitando a identificação por digitais ou traços faciais”, explicou Rosana Coutinho. “A liberação só ocorrerá após confirmação científica, e o resultado do exame deve sair até o fim da semana”, completou.

A causa da morte também ainda está sendo apurada. A perícia coletou material estomacal para investigar a possibilidade de envenenamento ou asfixia, já que não foram encontradas lesões por arma branca ou de fogo.