Sertão na Hora

Alagoas tem quase 60 mil pessoas atingidas pelas chuvas

São quase 60 mil pessoas afetadas pelas chuvas que atingem o Estado desde o final do mês de maio. O boletim divulgado às 16h desta segunda-feira (4), pela Defesa Civil Estadual, já soma 59.814 pessoas desalojadas e desabrigadas. Até o momento 56 municípios estão com decreto de Situação de Emergência.

O governador Paulo Dantas esteve reunido com os prefeitos desses municípios, junto com o Gabinete de Crise, instituído no último sábado, para discutir prioridades e garantir celeridade na assistência à população afetada pela enchente que atingiu novo pico neste final de semana, em várias regiões do Estado. “Vamos trabalhar de forma integrada com os municípios para dar toda assistência necessária e com celeridade aos atingidos pelas chuvas”, afirmou.

Atendendo sugestão dos prefeitos, Paulo destacou que será analisado o pleito de liberação de crédito para os comerciantes que tiveram perdas por causa das chuvas, por meio do Programa Desenvolve e também pelo programa Pacto contra Fome. Durante a reunião, o governador adiantou que a Caixa Econômica Federal informou que está disponibilizando uma linha de crédito para custeio de obras para recuperação de equipamentos destruídos pelas chuvas nos municípios.

Entre as medidas emergenciais, os prefeitos foram orientados a encaminhar para a Secretaria de Estado de Assistência e Desenvolvimento Social (SEADES), a relação de desabrigados e desalojados pelas chuvas do último final de semana, para serem inseridas nos programas de cestas básicas e Auxílio-Chuvas, criado ainda em maio para garantir um valor de R$ 2 mil para que as pessoas possam enfrentar os prejuízos. Este benefício já vem sendo pago para quem foi anteriormente atingido.

“Os municípios vão encaminhar as informações de desabrigados e desalojados para a SEADES e o governo vai validar, obedecendo todas às normas legais para que só as pessoas realmente afetadas pelas chuvas possam receber o benefício e, claro, haverá uma forte fiscalização de todo esse processo”, explicou o governador.

SERVIÇOS ESSENCIAIS
A reunião contou com a participação da Defesa Civil e de órgãos como o DER, a Casal e a empresa Equatorial, para responder aos municípios nas demandas relacionadas a resgates e assistência às famílias; à recuperação de vias de acesso – pontes e estradas – danificadas pelas enchentes; e ao restabelecimento dos serviços de abastecimento de água e energia elétrica.

O presidente da Casal, Luiz Neto, informou que, em vários municípios, o sistema ficou submerso, sem condições de operacionalização e em outros a qualidade da água foi bastante prejudicada. Segundo ele, nas localidades onde o sistema ainda não está em condições operacionais, a distribuição de água potável está sendo garantida por meio da contratação de carros-pipas e garrafões de água.

“Com apoio da Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão conseguimos viabilizar 15 caminhões-pipas para abastecer os municípios atingidos pelas enchentes e, em parceria com a Associação dos Municípios (AMA), foram adquiridos 100 garrafões de água e mais 500 estão para ser adquiridos nas próximas 48 horas”, completou.

Nos serviços de energia elétrica, de acordo com a Equatorial, 74 mil unidades consumidoras, em 14 municípios, tiveram prejuízos no fornecimento por causa das chuvas do último fim de semana. A empresa informou que conseguiu, já nesta segunda-feira, reduzir esse número de unidades para 17 mil e está trabalhando para restabelecer o mais rápido possível o abastecimento em todas as cidades.

RODOVIAS FEDERAIS
O governador informou que, em relação às estradas, há vários pontos de interdição em rodovias federais e adiantou que esteve em contato com o secretário nacional da Defesa Civil, Alexandre Lucas Alves, a quem pediu celeridade na recuperação das BR’s para evitar riscos de desabastecimento das cidades e maiores danos às rodovias estaduais, que não foram construídas com estrutura para comportar o fluxo pesados das rodovias federais.

O diretor do Departamento de Estradas de Rodagem, Hélder Gazzaneo, disse que as primeiras chuvas atingiram principalmente as regiões sul e agreste do Estado, e que as da última semana causaram mais problemas nas regiões Norte e nos Vales do Paraíba e do Mundaú. “No entanto, não temos nenhuma rodovia estadual interditada no momento. Estamos colocando toda a estrutura do DER à disposição dos municípios e estamos atendendo na medida do possível as solicitações de todo”, explicou.

Para o presidente da Associação dos Municípios Alagoanos, Hugo Wanderley, as cheias deste ano foram mais graves do que em 2010 e 2017, porque atingiram todas as regiões do Estado. Ele disse que os municípios contam com apoio do Estado para resolver as situações mais graves, principalmente a recuperação de rodovias e reconstrução de pontes, já que muitas localidades estão isoladas por causa das enchentes.

SALA DE ALERTA
O coordenador da Sala de Alerta da Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Semarh), Vinícius Pinho, afirmou que a previsão para os próximos dias é de chuvas fracas a moderadas e que os níveis dos rios devem baixar gradualmente. “Em Marechal Deodoro, por exemplo, a Lagoa Manguaba já reduziu em quase 1,5 metro o nível de suas águas. No entanto, o rio Jacuípe ainda continua um metro acima da cota de transbordamento”, salientou Vinícius. “Se houver pouca chuva também em Pernambuco, a tendência é de normalização das nossas bacias hidrográficas em Alagoas”, acentuou.

ATINGIDOS
O município de Jacuípe foi um dos mais atingidos pelas cheias. Durante a reunião, o prefeito Junior Carro Véio fez um relato muito emocionado da situação vivida pelos moradores. Ele pediu o apoio do Estado para envio do helicóptero que possa abastecer com alimentos famílias isoladas na zona rural do município.

O prefeito Marcelo Lima, de Quebrangulo, disse que decretou Estado de Calamidade no município devido aos problemas causados pelas chuvas. Além dos prefeitos e secretários de Estado, a reunião de trabalho com os municípios contou com a participação de deputados estaduais que asseguraram apoio da Assembleia Legislativa para auxiliar o poder público no que for preciso para minimizar os efeitos das chuvas.

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