Ícone do site Sertão na Hora

Com vídeo 100% produzido por pessoas pretas, campanha do Dia da Consciência Negra é publicada

“Nasci no tempo em que a TV tinha cores, mas não via minha cor nela.”  Este trecho do poema Cores e Mídias, da poeta Leandra Nel, retrata uma triste realidade da população negra: a falta de representatividade. Ao longo do texto, Nel conta que não se via sequer nas bonecas. Porém, os tempos mudaram e, hoje, graças a muita luta e reconhecimento, é possível ver, não só na TV, mas também no YouTube e nas grandes mídias produções que trazem consigo todas as cores.

A Secretaria de Estado da Comunicação (Secom) reconhece e combate esse problema, que é o racismo estrutural, promovendo a inclusão de pessoas negras em vídeos institucionais. Pelo segundo ano consecutivo, o material em homenagem ao Dia da Consciência Negra abarca essas populações e faz com que pessoas como Leandra Nel possam, finalmente, se ver representadas na televisão. O material audiovisual, que foi lançado na terça-feira (19), está disponível nas principais plataformas do governo e contou com 100% da produção formada por pessoas pretas.

“Quando pensamos em produzir material institucional, precisamos pensar em inclusão e em conteúdos que sejam fiéis a todas as iniciativas governamentais. Por isso, em parceria com a produtora Artecetera, reunimos diversos profissionais negros em todas as etapas de criação, produção, direção e elenco. Ou seja, tanto em cena quanto nos bastidores, contamos com profissionais negros de destaque em suas áreas, e isso faz toda a diferença na gestão pública”, afirmou o secretário de Comunicação, Joaldo Cavalcante.

O publicitário Luciano, da Agência Artecetera, parabenizou a preocupação do Governo de Alagoas em manter essa representatividade, ação esta que fortalece a luta pelo reconhecimento da população negra. Ele reforçou o impacto positivo desse esforço: “É muito importante ver que o nosso trabalho tem relevância para toda a sociedade. Nesse caso específico, fico ainda mais feliz. Como homem negro, pude usar toda a minha vivência e criatividade para homenagear uma data tão importante e atual, que é o Dia da Consciência Negra.”

O vídeo foi inspirado no poema “O Canto da Liberdade”, escrito por Solano Trindade, poeta nascido em Recife em julho de 1908. Solano foi um dos principais artistas e intelectuais negros do século 20 no Brasil, com uma obra que eleva a autoestima do povo negro.

Para dar vida ao Canto da Liberdade, foram convidadas para participar do vídeo a cantora Naná Martins e sua mãe, a chefe de cozinha e yalorixá Mãe Neide Oyá D’Oxum, Patrimônio Vivo do Estado de Alagoas, que abrilhantaram a campanha. Em plena Serra da Barriga, elas cantam a música Zumbi, Meu Rei, de Chica Xavier, fazendo ecoar por todos os cantos de Alagoas um grito de liberdade.

O vídeo, com duração de um minuto, destaca algumas das iniciativas do Governo de Alagoas, como cotas raciais para concursos e universidades estaduais, políticas públicas para a juventude negra, preservação dos saberes ancestrais e o compromisso com as mulheres negras e comunidades quilombolas.

Mais de 50 pessoas estiveram envolvidas na produção do vídeo. Entre elas, está a cantora Naná Martins, que dá voz à liberdade. Ela conta que a gravação foi um momento de muita emoção, ver tanta representatividade narrada por ela. ““Me sinto honrada em dar voz a essa luta, que deve ser lembrada não só no dia 20, mas todos os dias. O resultado do vídeo ficou muito bom, consegue transmitir toda a energia das gravações e da programação da Serra da Barriga”, compartilha Naná.

Sair da versão mobile