Entre traços e cores. Em cada obra de arte é possível sentir a sensação de felicidade dos alunos do Atendimento Educacional Especializado (AEE), de três escolas estaduais de Alagoas, expressa em pinturas e desenhos artísticos. As obras fazem parte do acervo da exposição “A arte e os cinco sentidos, uma ferramenta de protagonismo e inclusão”, que estreou na última segunda-feira (26) na Biblioteca Pública Estadual Graciliano Ramos.
A mostra busca enfatizar o protagonismo do talento dos alunos e evidenciar que a inclusão está na educação e na arte, e colabora como uma ferramenta para o desenvolvimento cognitivo como percepção, atenção, memória, raciocínio lógico, função motora e função social. Com entrada gratuita, a exposição estará disponível no equipamento cultural até o dia 30 de setembro.
Para a secretária de Estado da Cultura e Economia Criativa, Mellina Freitas, a exposição reforça o comprometimento do governo estadual com a educação e a cultura alagoana. “Esta mostra promove a inclusão e a intersecção entre os alunos da rede pública estadual, buscando o desenvolvimento das habilidades desses alunos com deficiência. É uma ação de extrema importância que utiliza a arte como ferramenta essencial para apresentar o protagonismo e o talento de cada um”, comentou.
Com mais de 30 peças entre pinturas, desenhos e fotografias, a exposição tem curadoria do Grupo de Pesquisa Histórica e Interdisciplinar Luiz Sávio de Almeida (G.Philsa) e participação dos alunos da rede pública de ensino que fazem parte da Sala de Recursos Multifuncional (SRM) das Escolas Estaduais: Professora Gilvana Ataíde Cavalcante Cabral, Dom Constantino Lours e Professor Theotônio Vilela Brandão.
Professora e integrante do G.Philsa, Luciana Luiz, evidenciou a importância do trabalho feito com os alunos especiais. “O nosso principal intuito é a promoção do trabalho do aluno com as suas habilidades, porque esses alunos com deficiência têm muito as suas dificuldades trabalhadas e nós queremos aqui mostrar as suas habilidades”, disse.
O aluno Marcus Campelo, de 31 anos, é cadeirante e estuda na Escola Estadual Professora Gilvana Ataíde Cavalcante Cabral. Ele é um dos expositores da mostra e revelou que nunca imaginou uma obra própria ser exposta para que diversas pessoas pudessem apreciá-la.
“Estou me sentindo um pouco tímido, não vou negar, mas estou muito honrado. Porque eu não me imaginei que eu ia, assim, vir a um lugar, apresentar minha obra, que eu sempre pintei e sempre ficou na escola. É uma alegria o cara ser tão desafiado a pintar uma coisa dessa e no final ver que ficou tão além da expectativa, porque ficou além da minha expectativa, eu não achei que ia ficar tão bom”, disse Marcus.
Além de trabalhar o desenvolvimento cognitivo dos alunos, o projeto traz inúmeros benefícios para além do físico, o bem-estar, por exemplo, é um ponto trabalhado com as aulas de produção das obras.
Uma das obras expostas denominada de “Tato Dimensional”, produzida pelo aluno com deficiência visual, Micael Inoue, ganhou destaque e chamou a atenção do público presente. Ele conta que a inspiração para a confecção da obra vem da sensação de sentir as coisas ao redor.
“Porque é o tato numa dimensão que as pessoas não imaginam que tem como sentir. É um patamar acima, entendeu? Por isso dimensional. Porque tem como você sentir o redor, o seu redor. Se passar alguma coisa perto de você, você sente. É uma coisa que as pessoas não ligam tanto, por isso que é tato dimensional. Porque tem toda essa questão de você sentir o que tem em volta”, afirmou Micael.
A Biblioteca Pública Estadual Graciliano Ramos é um equipamento cultural do Governo de Alagoas, gerenciado pela Secretaria de Estado da Cultura e Economia Criativa, localizada na Praça Dom Pedro II, S/N, no Centro de Maceió. As visitas são gratuitas e podem ser realizadas de segunda a sexta-feira, de 09h às 16h.