HGE viabiliza residência inclusiva para paciente que estava de alta médica há mais de dois anos

Com família em situação de rua e limitações permanentes da saúde, jovem não tinha quem pudesse acolhê-lo fora do hospital

Por Thallysson Alves / Ascom Sesau

06/01/2025 -

17:46h

Juliete Bezerra e Natália Lessa / Ascom Sesau

O Hospital Geral do Estado (HGE), em Maceió, viabilizou uma residência inclusiva para o jovem Victor Henrique de Moura Dantas, de 24 anos, que recebeu alta hospitalar no dia 23 de dezembro de 2022, mas, devido a ser pessoa com deficiência e estar situação de vulnerabilidade social, permaneceu na maior unidade de Urgência e Emergência de Alagoas até a última sexta-feira (3), quando deixou o HGE.

“Esse período de espera se deu pela espera de uma residência inclusiva indicada pelo município de moradia do Victor. Desde a sua admissão, o HGE não poupou esforços para estabilizar a sua saúde e fazer com que nesse tempo a sua permanência fosse o mais leve possível. Houve cuidados pela equipe multiprofissional, mobilização de momentos especiais, como aniversários, festas comemorativas. Hoje estamos felizes por saber que ele vai para um lugar mais apropriado ao que ele necessita”, disse Vanessa Martins, coordenadora do Serviço Social do HGE.

No momento da chegada de Victor, em 21 de agosto de 2022, o Serviço Social do HGE, após diversos contatos, concluiu que a família estava em situação de rua. Victor e seus irmãos tinham sido abrigados pelo padrasto, entretanto, ele faleceu no dia 9 de fevereiro de 2021. O genitor, apesar de constar na certidão de nascimento como Edilson Bernardo Dantas, ainda é desconhecido por todos e nunca foi encontrado.

“Quando esteve com o padrasto, Victor também era cuidado por vizinhos. O Centro de Referência Especializado de Assistência Social [CREAS] Lagunar de Maceió já tinha conhecimento sobre a situação da família. Atualmente, a mãe de Victor sobrevive com a venda de materiais recicláveis, ainda em situação de rua com os outros filhos e um novo companheiro”, acrescentou a coordenadora.

Diante dessa situação, a Secretaria de Estado da Saúde (Sesau) acionou a Secretaria de Estado da Assistência e Desenvolvimento Social (Seades) para pedir ajuda junto ao dispositivo da Política de Assistência Social de Maceió. O processo tramitou com contribuição importante do Consultório na Rua, Hospital Escola Portugal Ramalho e Defensoria Pública do Estado de Alagoas.

“Tendo como referência os parâmetros para atuação de assistentes sociais na Política de Saúde, entre os quais de articulação com a equipe de saúde, mobilização, participação e controle social, conseguimos a transferência do cuidado para a residência inclusiva, junto com seu irmão, também pessoa com deficiência. Estamos muito felizes por conseguirmos a transferência responsável do cuidado. Os dispositivos da humanização, entre os quais o da clínica ampliada, possibilitaram a eficácia desse resultado”, declarou a assistente social, Maria Derivalda Andrade.

Rosilene Freire dos Santos, uma das vizinhas que ajudou Victor quando morava com o padrasto, mesmo cuidando de seu pai e de irmãos doentes, aceitou ter a curatela provisória para fins especiais de atualização de dados e recursos, na perspectiva de recebimento do Benefício de Prestação Continuada, este também conquistado com toda a mobilização realizada pelo HGE.

“Eu quero agradecer, muito mesmo, ao HGE por tudo o que fizeram pelo Victor aqui. Hoje estamos o levando para um lar, para um lugar melhor que pode dar a ele uma vida mais tranquila e com os serviços que ele precisa garantidos por lei. Hoje, o Victor já faz parte da minha família, de coração, bem como os irmãos dele. Por isso, eu estou muito feliz e grata com todos que ajudaram a conquistarmos essa grande vitória”, afirmou Rosilene.