Parecia um dia comum quando o barman José Xavier Filho, de 57 anos, acordou e se dirigiu para o restaurante onde trabalha, na Praia do Gunga, situada no município de Roteiro. Mas, um mal estar o fez entender que algo de errado estava acontecendo. Era um Infarto Agudo do Miocárdio (IAM), doença cardiovascular que está entre aquelas que matam em torno de 300 mil pessoas por ano no Brasil, 80% delas nas primeiras 24 horas do ocorrido.
“Meus colegas perceberam que algo não estava bem, eu suava e sentia um aperto no peito, uma pressão estranha do lado esquerdo. Pensei: vou morrer!”, contou o trabalhador.
Não, José Xavier Filho! Alagoas agora conta com o Programa Bate Coração, implantado pela Secretaria de Estado de Saúde (Sesau), para a rápida tomada de decisão no manejo do infarto. E com o auxílio e agilidade dos colegas de trabalho, o paciente foi levado para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de São Miguel dos Campos, onde os profissionais identificaram o infarto, com o auxílio da plataforma de telemedicina, e acionaram o helicóptero do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). A plataforma integrada de telemedicina une UPAs, hospitais de todo o Estado, além das ambulâncias e helicóptero do Samu, em prol da vida do paciente, garantindo maior agilidade no tratamento da doença.
Enquanto isso, dona Socorro da Conceição, de 55, esposa de José Xavier Filho, recebia a notícia do infarto do marido e a transferência dele para Maceió. “Os colegas do trabalho ligaram para minha filha e corremos para a UPA, lá os profissionais falaram da gravidade e nos acalmaram, falando sobre a eficácia do programa e a importância do aéreo na assistência”, contou.
Angioplastia Primária
José Xavier Filho foi encaminhado para o Hospital do Coração Alagoano Professor Adib Jatene (HCAAJ) e, em tempo recorde de 35 minutos, entre transporte e o procedimento, realizou uma angioplastia primária, com colocação de três stents. “Quando chegamos ao hospital, ele já tinha sido operado, e nos levaram para conversar com ele. Foi incrível! Eu estava muito angustiada e vi meu marido bem. Que bênção este programa!”, relatou a dona de casa Socorro da Conceição.
José Xavier Filho precisou ficar internado na unidade hospitalar e realizar outros procedimentos para não correr o risco de novos infartos. O médico Clênio Jaques, cardiologista intervencionista e responsável pela angioplastia após o infarto, explicou que no cateterismo realizado foi possível observar artérias obstruídas e o grau de obstrução. “Procedemos com a angioplastia coronária para desobstruir a artéria e melhorar seu fluxo sanguíneo, salvando, assim, a vida do paciente. Também organizamos a internação dele e posterior procedimento”, detalhou o cardiologista.
Já Acelino Souza, também cardiologista intervencionista e responsável pelo segundo procedimento, referiu que foi realizada a complementação do tratamento da doença cardíaca do paciente com sucesso. “Então, no momento da urgência foi feita a primeira angioplastia, recanalizando o vaso afetado e, depois, completamos o tratamento abordando outra lesão que ele tinha e poderia ocasionar um segundo episódio de infarto. Agora ele está com o coração totalmente recuperado!”, comemorou o especialista.
Referência
O Programa Bate Coração já salvou 21 pacientes no primeiro mês de atuação, otimizando o atendimento ao paciente vítima de infarto e diminuindo o quantitativo de mortes, segundo destacou Otoni Veríssimo, diretor do HCAAJ e coordenador técnico do Programa. O Bate Coração também vem se destacando a nível nacional e internacional pela resolutividade e vidas salvas. Recentemente, representantes da Secretaria de Saúde do Rio Grande do Norte e do Ministério de Saúde do Uruguai visitaram o hospital para conhecer melhor o Programa.
“Com a rede integrada, com UPAs, pronto atendimento, Samu, hospitais regionais, Hospital do Coração e HGE, visamos salvar mais vidas e promover qualidade de vida ao cidadão. Em sua execução, o Bate Coração disponibiliza cardiologistas 24h, nos sete dias da semana, através da telemedicina, nas portas das emergências das unidades de saúde estaduais, obtendo, assim, as informações precisas sobre o paciente e a assistência precisa”.