Pneumologista do HGE alerta para o perigo dos cigarros eletrônicos

Substâncias são tóxicas e podem causar danos à saúde de quem inspira a fumaça

Por Thallysson Alves / Ascom Sesau

31/10/2023 -

17:29h

Thallysson Alves / Ascom Sesau

Com cheiros, formas e cores, os cigarros eletrônicos são comercializados com o falso argumento de que não fazem mal à saúde. Mas, conforme o médico pneumologista Luiz Cláudio Bastos, que atua no Hospital Geral do Estado (HGE), em Maceió, esses dispositivos chegam a ser ainda mais perigosos, uma vez que os fabricantes iludem menores, os quais podem adquirir o vício da nicotina e levar a fumaça tóxica para os seus contatos próximos.

“Não tem essa de que é menos danoso, ou que ajuda a eliminar o cigarro convencional, ou que é só durante a festa. Os cigarros eletrônicos também possuem nicotina e, pior, possuem aditivos que também são prejudiciais à saúde. A melhor alternativa é eliminá-los de nossas vidas, tão quanto qualquer outra droga”, afirmou o especialista.

A nicotina também está na fumaça desses dispositivos e pode alcançar o pulmão de pais, mães, filhos, amigos ou de qualquer pessoa que respire no mesmo ambiente. Em gestantes, o contato com esse tipo de fumo, ainda que de forma passiva, pode causar malformações neurológicas no feto.

“E além da nicotina, o óleo usado no cigarro eletrônico possui diversas substâncias que podem causar danos nos pulmões, como o propilenoglicol, a glicerina vegetal, o dietilenoglicol, a acroleína, o benzeno, o diacetil, vários metais pesados, o acetaldeído e o formaldeído. Algumas delas, como o propilenoglicol, quando queimado, libera 10 vezes mais formaldeído que o cigarro convencional”, alertou Luiz Cláudio Bastos.

O propilenoglicol é um líquido transparente, utilizado como base para formar o vapor, e quando aquecido pode se transformar em óxido de etileno, que é uma substância cancerígena; a glicerina vegetal pode causar inflamação nos pulmões; o dietilenoglicol pode causar intoxicação e doenças pulmonares; a acroleína pode desencadear danos irreversíveis aos pulmões; o benzeno pode levar ao câncer e leucemia; o diacetil pode levar à inflamação e cicatrizes nos brônquios e desenvolvimento de bronquiolite obliterante; e o acetaldeído, bem como o formaldeído, quando combinados, são comprovadamente cancerígenos.

“Já os metais pesados como níquel, chumbo, estanho e cádmio são capazes de causar danos nos pulmões e problemas respiratórios, como enfisema pulmonar ou a DPOC [Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica]. Esses metais pesados podem também afetar o cérebro, os rins ou outros órgãos. Ou seja, não tem nada de legal e ‘descolado’ em utilizar esses dispositivos, ainda mais se forem produtos de contrabando”, pontuou o pneumologista do HGE.

Venda Proibida

Apesar de ser proibida a comercialização, importação e propaganda de cigarros eletrônicos no Brasil, um grande número de jovens brasileiros usa esse produto. A proibição foi determinada pela Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) número 46/2009 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Não há, portanto, autorização no Brasil para quaisquer dispositivos eletrônicos para fumar, independentemente de sua composição e finalidade.