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Primeiro transplante de fígado é realizado em Alagoas

Alagoas encerra a semana com mais uma ótima notícia na área da saúde e um marco histórico para a Política Estadual de Transplantes. Nas primeiras horas desta sexta-feira (14), o Estado realizou o primeiro transplante de fígado e, desse modo, deu a largada para que, a partir de agora, todos os alagoanos que necessitem deste procedimento não tenham mais que migrar para outras regiões do Brasil.

O primeiro paciente a receber um novo fígado em território alagoano foi Jorge Ricardo Queiroz de Andrade, de 57 anos, vítima de cirrose, em decorrência de uma hepatite. Ele recebeu o órgão de uma enfermeira que tinha 43 anos e foi vítima de um Acidente Vascular Cerebral Hemorrágico (AVCH). Depois de se inscrever na Lista de Transplantes de Pernambuco, uma vez que Alagoas ainda não realizava este procedimento, ele passou a integrar a fila de Alagoas no último dia 11 de março e, dois meses e dois dias depois, conseguiu, finalmente, realizar o procedimento, em um tempo considerado recorde.

O transplante, que ocorreu de forma satisfatória e cujo quadro de saúde do paciente é estável, foi realizado na Santa Casa de Maceió, credenciada pelo Ministério da Saúde (MS) para realizar este tipo de procedimento, conforme a Portaria Federal N°313, expedida em 7 de abril de 2020. O procedimento cirúrgico foi coordenado pelo médico Oscar Ferro, que atuou com os cirurgiões Felipe Augusto Porto e Leonardo Wanderley Soutinho, os anestesiologistas Nélio Monteiro e Cira Queiroz, além da equipe da Unidade de Terapia Intensiva (UTI).

“Nosso trabalho foi iniciado ainda em 2019, quando começamos a elaborar o projeto para credenciarmos Alagoas a realizar o transplante de fígado. Após enviarmos toda a documentação exigida, fomos até Brasília e, posteriormente, uma equipe do Ministério da Saúde esteve na Santa Casa de Maceió, onde vistoriou a estrutura e comprovou que tínhamos condições técnicas de realizarmos este procedimento, emitindo, assim, a certificação e nos credenciando ao Sistema Único de Saúde [SUS]”, explicou o médico Oscar Ferro.

Marco Histórico – Para o secretário de Estado da Saúde, Alexandre Ayres, a realização do primeiro transplante de fígado em Alagoas é um marco histórico para o Estado e para a sua gestão à frente da Secretaria de Estado da Saúde (Sesau). Isso porque a habilitação de Alagoas junto ao Ministério da Saúde exigiu muito empenho e articulação para pleitear mais este serviço, além do árduo trabalho dos técnicos da pasta e da Central de Transplantes.

“Foi um longo caminho percorrido, mas, a partir de agora, Alagoas está pronto e habilitado para realizar os procedimentos de transplante de fígado. Os alagoanos não precisarão mais se deslocar até outros estados, a exemplo de Pernambuco, para que sejam submetidos ao procedimento cirúrgico. É mais uma grande conquista que o Governo de Alagoas obtém em uma área tão importante na saúde pública, porque estamos ampliando a Rede Hospitalar, mas, sempre com um olhar voltado para a assistência e o bem-estar dos alagoanos”, destacou Ayres.

Trabalho Árduo – Segundo a coordenadora da Central de Transplantes de Alagoas, Daniela Ramos, a realização do primeiro transplante de fígado em Alagoas é fruto de um trabalho árduo dos técnicos e da gestão da Sesau. “O processo de habilitação junto ao Ministério da Saúde é muito complexo, até porque o transplante é um procedimento de Alta Complexidade, que requer uma equipe qualificada e uma unidade hospitalar que atenda a uma série de exigências. Mas, sabermos que os alagoanos não terão mais que migrar para outros estados já nos enche de alegria e esperança”, ressaltou.

Ainda segundo a coordenadora da Central de Transplantes de Alagoas, o Estado possui, atualmente, 465 alagoanos na fila de espera por um transplante, sendo que mais de 330 aguardam córneas, 129 esperam por um rim, três por um coração e um por um fígado. O número cresceu em razão da pandemia da Covid-19, quando houve a suspensão momentânea dos procedimentos e grande parte dos doadores de órgãos em potencial estava infectada pelo novo coronavírus, o que inviabilizou a realização dos transplantes.

“De janeiro até agora realizamos nove procedimentos e no mesmo período do ano passado foram 25 transplantes, evidenciando uma redução de 68%. Já em todo o ano de 2020, Alagoas realizou 34 transplantes de órgãos, sendo todos de córneas. Isso mostra que a pandemia da Covid-19 nos afetou, mas que as famílias devem conversar sobre o transplante e, principalmente, o desejo de ser um doador de órgãos em potencial, do desejo de poder salvar a vida de uma pessoa que sofre na fila de espera”, pontuou Daniela Ramos, ao salientar que “o processo de retirada de qualquer órgão só acontece após vários exames confirmarem a morte encefálica do potencial doador e depois que os familiares derem o aval à cirurgia, assinando um termo”.

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