Olhar de mãe não falha e, quando ela é educadora, a sensibilidade e assertividade só aumentam. Diante de tanta violência que vem assustando a sociedade, a professora da rede estadual Sandra Maria Pontes produziu a tese de Doutorado “Videogame violento na influência do comportamento do adolescente”, pesquisa que surgiu a partir da sua observação do comportamento do seu filho adolescente quando mergulhado em jogos virtuais. A tese foi defendida no último dia 15 e o resultado não poderia ser melhor: nota 10, com louvor.
Há mais de duas décadas atuando no ensino público, a docente também fez o Mestrado na mesma área de conhecimento, com a temática “Game therapy como tecnologia assistiva”. Sandra utilizou a experiência vivenciada em casa para desenvolver um trabalho que pode auxiliar na melhoria do comportamento de milhares de adolescentes.
“Essa questão dos videogames chamou minha atenção porque meu filho vinha jogando bastante e eu sentia nele mudança de comportamento. Na época, ele e os amigos jogavam um jogo de sobrevivência em uma ilha no qual eles se comunicavam com pessoas de faixas etárias diferentes e que não conheciam. Isso me incomodou e me deixou inquieta” explica Sandra.
Observação in loco
Relembrando os resultados já observados em sua dissertação para o Mestrado, também sobre os jogos, Sandra se voltou para os estudos, associados ao dia a dia agora na função de técnica pedagógica da Secretaria de Estado da Educação (Seduc). A pesquisa da professora também abordou casos de violência no ambiente escolar, fazendo uma associação entre o comportamento dos adolescentes e os jogos, tendo como um dos exemplos o “massacre de Suzano”, ocorrido em março de 2019, em São Paulo.
“Eu comecei do zero e desenvolvi essa tese querendo investigar ainda um pouco mais, indo mais a fundo, buscando entender essas gírias, essas relações de comunicação que permeiam esses jogos. E, para isso, tive o apoio da minha orientadora, professora Andréa, e da minha co-orientadora, Betty Jane. Eu pretendo ampliar esse conhecimento para entender cada vez mais e tentar contribuir para que as famílias tenham conhecimento para lidar com essas situações. Os jogos são interativos e realmente prendem a atenção dos nossos filhos. Hoje, a gente vê até bebês mexendo no celular com muita facilidade. E essa exposição a essas tecnologias, se não forem devidamente acompanhadas pelos pais, podem levar os adolescentes a desenvolverem um vício neste mundo virtual”, reflete.